Candidatos a Defensores Públicos que se declararam negros são entrevistados

Os candidatos que participaram do último Concurso Público da Defensoria Pública do Espírito Santo (DPEES), com o objetivo de concorrer às vagas reservadas à população negra, estão sendo entrevistados nesta quarta-feira (06), na Sede da Defensoria Pública do Estado do Espírito Santo. O edital de convocação para avaliação das declarações de pertencimento à população negra foi publicado em agosto, no dia 16, no Diário Oficial (DIO-ES).

Os critérios para a comprovação estão sendo analisados pela Comissão Especial. Ela é composta pela Defensora Pública Vívian Almeida e pelos professores doutores da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Gustavo Henrique Araújo Forde e Patrícia Rufino Gomes Andrade.

Os candidatos que compareceram à sede da Defensoria, no Centro de Vitória, no dia de hoje, estão sendo analisados quanto ao fenótipo e/ou a ascendência familiar direta (ascendentes de primeiro grau), o que também pode ser comprovado, no ato, por meio de documentos complementares, segundo o edital.

Está sendo realizado também o registro fotográfico para ser anexado aos formulários. Serão eliminados da lista aqueles que não forem considerados ou que não comparecerem à convocação para entrevista.

“O concurso com cotas PPI (Pretos, Pardos ou Indígenas) é um marco político para os concursos públicos no estado. O Espírito Santo tem uma tradição extremamente fechada em relação a esse tema, que ultimamente tem sido debatido em todos os campos.”, afirmou a Professora Dra. Patrícia Rufino, que é coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e integra o Departamento de Educação, Política e Sociedade (Deps), ambos da Ufes.

Patrícia ressaltou ainda o importante papel da Defensoria Pública e do Ministério Público estaduais, entre outras entidades e grupos, que segundo ela “têm alavancado com afinco as propostas das ações afirmativas.”

Para o professor Dr. Gustavo Forde, diretor do Departamento de Cidadania e Direitos Humanos (DECIDH) e membro do Departamento de Teorias do Ensino e Práticas Educacionais (Dtepe) da Ufes, a ação da DPES é de extrema importância em termos de justiça social.

“Acredito que será referência em Defensorias Públicas de outras unidades federativas do Brasil, quando implementa reservas de vagas para negros e contribui para garantir oportunidades iguais para esses sujeitos.”, enfatizou o professor.

Por Raquel de Pinho e Leandro Neves