Defensoria Pública sugere melhorias no Plano Diretor Urbano de Vitória em nova Audiência Pública

Durante segunda Audiência Pública sobre as propostas de alteração do Plano Diretor Urbano do Município de Vitória (PDU), realizada pela Câmara Municipal dos Vereadores, na última segunda-feira (26 de fevereiro), a Defensoria Pública do Estado do Espírito Santo sugeriu melhorias no documento. A audiência aconteceu na EMEF Maria José Moraes, no Bairro São José, em Vitória.

O Defensor Público Vinícius de Paula Lamego manifestou-se contra a proposta de emenda ao art. 28 do PDU, que visa adicionar o inciso V ao artigo, estabelecendo como critério para a criação de Zeis* que os ocupantes de assentamento irregular residam no perímetro demarcado pelos bairros adjacentes à área de reconhecimento de Zeis* e não possuam outra residência registrada em seu nome. Além disso, a norma definiria como baixa renda as pessoas inscritas no Cadastro Único*.

Para Dr. Vinícius a intenção da norma é boa, mas a forma não seria a mais adequada. “No parágrafo 1º do art. 154 do PDU já existe previsão de que é considerada de baixa renda a família que recebe renda mensal de até 05 (cinco) salários mínimos. Fora isso, a limitação de não poder ter outro imóvel é um critério para a concessão de benefício em programa habitacional e/ou de instrumento de regularização fundiária, não sendo adequado utilizá-lo para a fixação de zoneamento urbano”, explica o Defensor.

Ele lembra que a própria Defensoria, no seu trabalho diário, analisa quem é hipossuficiente ou não. “É preferível analisar de acordo com o caso concreto a criar um parâmetro que acabe por excluir quem necessita”, acrescenta Lamego.

A Defensora Pública Maria Gabriela falou sobre as três emendas ao artigo 132 do PDU, que vedam o remembramento de lotes que totalizam área superior a 250m². Ela demonstrou a satisfação da Defensoria Pública em participar daquele momento. “É nos bairros, com os moradores e com as lideranças comunitárias, que as leis de urbanismo devem ser discutidas. Eles são a finalidade maior do direito das cidades”, pontuou.

A Defensora achou necessário fazer um contraponto sobre a questão da emenda que aborda o remembramento, pois se trata de uma questão polêmica e assim seria possível trazer mais elementos para que a comunidade decidisse melhor sobre ela. “A proposta de impedir o remembramento de lotes na Zeis 1 [veja aqui Artigo 26 do PDU] serviria como uma proteção dos pequenos comerciantes e moradores locais contra a entrada de grandes empreendimentos na comunidade ainda carente de infraestrutura e serviços públicos. Não é uma norma definitiva e, alterando as condições da região, o zoneamento poderia ser alterado de forma a eliminar essa limitação”, esclareceu Maria Gabriela.

Ela acrescentou que no dia a dia da Defensoria tem-se muitos relatos de pessoas que sofrem pressão para mudar de suas residências e vender seus lotes quando há interesses de grandes empresas e imobiliárias em seus imóveis. “A impossibilidade de remembramento serviria para reduzir esse problema relacionado à especulação imobiliária e grilagem”, sugeriu a Defensora.

Essa foi a segunda das três audiências que contam com ampla participação popular em diferentes locais da Cidade. Os cidadãos presentes podem discutir, debater e esclarecer as alterações propostas no Projeto de Lei nº 290/2017, que institui o PDU de Vitória.

Confira o que foi discutido na primeira audiência:

http://www.defensoria.es.def.br/site/index.php/2018/02/23/defensoria-publica-se-manifesta-em-audiencia-publica-sobre-as-propostas-de-alteracao-do-plano-diretor-urbano-de-vitoria/

Próxima audiência pública sobre PDU:

01/03 – 19h – Na Praça 3 de maio, rua José Alves, Bairro Goiabeiras.

Por Raquel de Pinho