Filha é reconhecida pelo pai após quarenta anos

A série em Busca do Pai aborda o trabalho realizado pela Defensoria Pública do Espírito Santo nos processos de reconhecimento e investigação de paternidade.

O relacionamento de Júlia*, 39, com pai, o aposentado Roberto*, 60, teve um início complicado. Fruto de um relacionamento breve, Júlia encontrou o pai pela primeira vez aos 12 anos de idade. “O primeiro contato com o meu pai não foi uma coisa muito boa, não criamos um vínculo, porque não havia muita aproximação dele”, conta ela. Novas tentativas de aproximação foram feitas nos anos seguintes, mas somente aos 23 anos, Júlia sentiu-se mais próxima do pai.

“Foi somente com 23 que começamos a ter um contato mais forte, criamos um vínculo maior e brotou o amor de pai para filha. Aquele momento foi muito importante para mim, porque estava passando por um período difícil e foi meu pai quem me ajudou financeiramente e emocionalmente”, afirma Júlia.

O passo seguinte no relacionamento de pai e filha foi dado 20 anos depois, no dia 09 de julho de 2019, quando foram à Defensoria Pública do Espírito Santo realizar o reconhecimento voluntário da paternidade.

“O fato de reconhecê-la agora não foi por motivo de rejeição, mas, por força do destino, fui parar em um lugar distante de onde ela morava, então ela foi crescendo sem eu estar por perto. Tivemos comunicação, mas nunca tratamos da questão do reconhecimento no papel, mas depois que ela cresceu passamos a falar sobre isso. Até porque ser filha e não ter o nome fica uma coisa chata. Nunca tive problema em assumir os meus deveres e sempre a tratei como filha, mas não tinha o papel”, explica Roberto.

A defensora pública Samantha Negris, responsável pelo atendimento de pai e filha, explica que casos como esse são comuns e que as partes adiam a regularização do registro, porque os cartórios dificultam o acesso. “O caso da Júlia e Roberto, por exemplo, o reconhecimento não foi feito antes por questões burocráticas. Isso porque os cartórios querem cobrar do cidadão um procedimento que deveria ser gratuito, além de dificultar os trâmites”.

Procedimento

O reconhecimento voluntário de paternidade é gratuito e pode ser feito nos cartórios, caso o cidadão hipossuficiente encontre dificuldades, deve procurar a Defensoria Pública.

* A verdadeira identidade dos personagens dessa matéria foi preservada.