Projeto “Virando a Página” da Defensoria Pública do Espírito Santo é vencedor do Sinepe/ES

O projeto “Virando a Página”, idealizado pela coordenadora do Núcleo de Execução Penal Roberta Ferraz foi o vencedor da 12ª edição do Programa Sinepe/ES em Ação, promovido pelo Sindicato das Empresas Particulares de Ensino do Espírito Santo. A iniciativa, que acontece em parceria com a Faesa, concorreu com outros 58 projetos que tem como objetivo principal a promoção da cidadania. A cerimônia aconteceu na última sexta-feira, em Vitória.

Para a Defensora Pública Roberta Ferraz o primeiro lugar na premiação é muito importante, visto que a iniciativa concorria com outros diversos projetos relevantes. “A premiação é de extrema importância, principalmente porque estávamos concorrendo com iniciativas que envolvem um número enorme de escolas particulares, faculdades, além de projetos na área sócio ambiental e na área da educação, projetos de muita responsabilidade social”, relata Roberta Ferraz.

Ela ainda ressalta que a proposta do “Virando a Página” ajuda a quebrar o modo como a sociedade olha os apenados. “No contexto que a nos encontramos hoje, ver um projeto voltado para pessoas encarceradas ganhar o primeiro lugar é de extrema importância, não só para a Defensoria Pública e também para Faesa, como para a sociedade, justamente porque ajuda a quebrar o estigma da pessoa que está encarcerada e começa a se pensar de fato naquelas pessoas que estão ali cumprindo a pena delas, pois um dia elas retornarão para a sociedade”.

O projeto virando a página trabalha mudando a visão não apenas dos internos, mas também dos alunos que participam da iniciativa têm a possibilidade de entrar nos presídios para conversar sobre leitura, trabalhar com a interpretação e questões textuais da língua portuguesa. Para Roberta Ferraz essas atitudes mudam o contato, o olhar e possibilitam ao aluno ter uma relação com o mundo acadêmico que ajude também a quebrar o estigma em relação aos presos. “É um projeto muito especial, por isso, muda-se muito a realidade, o dia-a-dia da pessoa, porque quem está preso vive o encarceramento de diversas formas e o livro liberta”, esclarece a Defensora

 Sobre o Projeto

O projeto visa a remição de pena por meio da implantação e do estímulo da leitura e é uma realização do Núcleo de Execuções Penais (NEPE) da Defensoria Pública do Estado do Espírito Santo (DPES), em parceria com a Faesa Centro Universitário.

Na prática, os encarcerados que têm interesse em participar do projeto e possuem o Ensino Fundamental, devem elaborar um resumo do livro escolhido, enquanto aqueles que houverem cursado o Ensino Médio ou Superior elaboram uma resenha.

O material confeccionado é avaliado por uma equipe voluntária com conhecimentos técnicos na área de educação – professores e alunos do curso de Pedagogia da referida instituição de ensino – sendo necessário que o preso obtenha o mínimo de 60% na avaliação profissional. A fim de subsidiar essa avaliação, são considerados o grau de instrução e as possibilidades de cada indivíduo, de acordo com o projeto.

Para cada relatório ou resenha, com grau de aproveitamento suficiente, o preso recebe quatro dias de remição. São até 12 obras por ano, o que pode ensejar 48 dias de remição.  A primeira turma já contemplou 16 apenados no projeto piloto.

Por Juliane Mariani