Visto como divisor de águas pelas alunas, primeira edição do Curso “Defensoras Populares” é concluída

“O mais importante foi que conhecemos os nossos direitos. Desmistificamos a lei Maria da Penha, que até então a gente pensava que era só pra mulheres. Na verdade, é um meio protetivo para a família como um todo.”, declarou a Defensora Popular Edna Cristina Santos, ontem, no encerramento da primeira turma do curso “Defensoras Populares”.

A edição de estreia do projeto aconteceu no bairro de Santana, em Cariacica, e foi realizada pela Defensoria Pública do Espírito Santo (DPES), em parceria com a Associação de Moradores do bairro.

O curso divulgou de forma multidisciplinar o conhecimento jurídico e social sobre os direitos humanos, por meio de dez aulas expositivas sobre temas correlatos aos direitos do gênero feminino. A partir de agora, as(os) alunas(os) saem com a missão de disseminar tudo o que  aprenderam  sobre direitos e os serviços de garantia e proteção às mulheres.

Na aula de encerramento, ministrada pela coordenadora do curso, a Defensora Pública Gabriela Larrosa, foi feito um resumo de todo o conteúdo ensinado e trocado. As(os) próprias(os) estudantes foram responsáveis pela exposição de todo o conhecimento aprendido.

“Antes do curso, eu era muito ignorante a respeito dos Direitos Humanos, eu era mesmo. Só vim ter a visão e conhecimento com o passar do tempo nas aulas. Não tinha noção que Direitos Humanos é para todos. Aqui eu vim a entender realmente o que, por que, pra que, como e quando usar”, avaliou a Defensora Popular Alverinda de Oliveira.

Para a coordenadora do curso, o conhecimento compartilhado foi um marco na vida das mulheres que participaram.  “Elas conseguiram entender os seus direitos enquanto mulheres e a necessidade de efetivá-los, sendo elas também agentes de transformação social na comunidade onde vivem. Por isso o balanço foi muito positivo”.

Para Danieli Gomes, outra aluna formada, o curso serviu para mostrar o papel e responsabilidade que cada mulher e cada cidadão têm na sociedade. “Até mesmo na política, a gente cobra demais e não participa das reuniões, das comunidades. Temos que participar mais das comunidades, cobrar. Não basta criticar. Temos que fazer”, enfatizou.

Danieli mantém há dez anos uma união estável com sua companheira, Simone Silvério, que se formou como Defensora Popular. As duas só souberam que poderiam oficializar a relação por meio do curso. Com a ajuda da Defensoria, inclusive, elas puderam tomar as medidas legais para que, em janeiro do ano que vem, se tornem oficialmente casadas.

“A gente conheceu pessoas maravilhosas, como Simone, Danieli e Léo. Tivemos muita liberdade de nos abrir, falar, brincar. Aprendemos muito a nos respeitar. Não é porque elas têm uma orientação sexual que a sociedade não aceita, que vamos olhar atravessado. São pessoas como a gente mesmo”, declarou a aluna concluinte Maria da Penha.

De acordo com a Defensora Pública Vivian Almeida, coordenadora de Direitos Humanos da DPES, o grupo formou uma rede de apoio da Defensoria Pública. “Que a gente se apoie, se ajude, que sejamos parceiras umas das outras. Espero que possamos compreender todas as especificidades de cada história e as violências que a gente sofre naturalmente como mulher. Independentemente de onde estejamos, que possamos ir construindo novos laços de parceira e apoio”, completou.

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Por Leandro Neves